O Maior Português de Sempre
Do ”maior português de sempre” às “Vítimas de Salazar”
Quando criança - nasci na segunda metade dos anos 50 - fui habituado a ouvir (e a repetir) que Monsanto era a aldeia mais portuguesa de Portugal, que o Alentejo era o celeiro da Nação, que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses e por aí fora, numa sucessão de frases de marketing político-económico de fazer inveja a sucedâneas gerações de brilhantinas, tecnocratas, e sabichões.
Mais tarde vim a saber que existiu um António Ferro. De Salazar já tinha conhecimento, não fosse ele omnipresente na parede da escola, bem por trás da secretária do Senhor Professor, por cima, por baixo ou ao lado do crucifixo, mas sempre em local que os nossos pequenos olhos não pudessem ignorar.
António Ferro foi, de facto, o grande publicitário do regime, fazendo escola que não se terá perdido no tempo. Há quem diga que foi o pai do marketing político português. Mas dessas coisas sei pouco. O que sei, constato, cerca de meio século passado, é que Ferro e Salazar não trabalharam em vão. Como se o lapso de cinquenta anos não tivesse existido na História de Portugal e dos Portugueses – dos grandes e dos pequenos – a televisão pública (e impúdica) oficial paga por todos nós, principalmente os pequenos portugueses, já que os grandes estão lá para colher os louros e as receitas, essa RTP que nunca conseguiu disfarçar sequer a sua dependência dos poderzinhos do momento, impõe-nos, agora, o nome do ditador como o hipotético maior português de sempre, numa lista que inclui Portugueses de maiúscula.
Não me contradigo ao dizer que esse nome não devia sequer ser autorizado a figurar na lista (hipotética) dos maiores. Não ignoro o lapso de cinquenta anos. Salazar existiu, de facto. Mas o tal meio século ensinou-me alguma coisa. Tal como o ontem e o hoje (o amanhã nunca se sabe), a História existe, não a podemos contornar. Deve, por isso, servir para alguma coisa. Quanto mais não seja para aprendermos com os erros do passado. Mas quem quer saber disso?
Entre outros ápodos, Salazar, para além de “bota-de-elástico”, também ficou conhecido pelo “troca-tintas”. Sendo eleito, num “concurso” que fosse sério, como “o maior português de sempre” ficaria consumada a categoria dos portugueses: “troca-tintas”.
Se assim fosse, na minha ascendência haveria de certeza um engano - não seria português. Mas sou. Porque a História continuará a ensinar a vindouros com dois dedos de inteligência que os poderes do momento são efémeros. E bons e maus portugueses havê-los-á sempre.
Cada um é como é. Cá por mim, não apenas como livreiro mas, acima de tudo, como Português, vou fazer a melhor divulgação possível do livro “Vítimas de Salazar”.
Joaquim Gonçalves
Sines, Março de 2007
(Gentilmente roubado ao www.adasartes.blogspot.com)
4 Comentários:
olha lá, o teu pai nunca te ensinou que é muito feio roubar? ;))
shuva
Um post destes não é para roubar - é para DIVULGAR e acrescentar. Bem feito, jazzbandista!
Toma! :P
E achado não é roubado!! :P
ah...quer dizer que estão os dois contra mim? tudo bem...snif snif
ah, e venham ao lançamento do meu livro. dia 23 de abril, as 19h, nos paços de concelho de Torres Vedras. estou a divulgar...;)
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